Com mais de 480 vagas autorizadas desde 2023, o governo federal reforça o quadro técnico responsável pela transformação digital do Estado e ANATI atua no suporte aos novos servidores e na defesa de melhorias estruturais para a carreira

 

Nos últimos dois anos, o governo federal intensificou as autorizações e nomeações para a carreira de Analista em Tecnologia da Informação (ATI), função estratégica responsável por sustentar os sistemas digitais e a infraestrutura tecnológica do Estado. Sob o governo Lula, as portarias do Ministério da Gestão e da Inovação (MGI) abriram espaço para centenas de novos servidores e marcaram um novo ciclo de fortalecimento da transformação digital pública.

Em 2025, uma portaria do MGI autorizou 182 nomeações de ATIs aprovados no Concurso Público Nacional Unificado (CPNU 1). No mesmo ano, um decreto previu o provimento excepcional de 300 cargos da carreira, dentro de um pacote de quase 2.000 vagas para diferentes áreas do Executivo. Segundo o próprio MGI, as novas contratações reforçam o compromisso do governo com a ampliação de serviços digitais como gov.br, Meu INSS, Carteira Nacional de Vacinação Digital e Conecte SUS todos desenvolvidos ou mantidos por analistas de TI federais.

Esses números representam o maior volume de contratações desde a criação da carreira, em 2006, e demonstram uma guinada na política de valorização da tecnologia da informação pública. Em 2023, o próprio edital do concurso ATI já indicava 417 cargos vagos na carreira, evidenciando a defasagem acumulada ao longo dos anos.

 

ANATI se fortalece como referência para servidores

Nesse cenário de expansão, a Associação Nacional dos Analistas em Tecnologia da Informação (ANATI) consolidou-se como uma importante referência de apoio e articulação institucional da carreira. A entidade tem atuado na integração dos novos servidores, na interlocução com órgãos públicos e no acompanhamento de debates sobre valorização e reestruturação profissional.

Entre as ações recentes, a associação participou de discussões parlamentares como a proposição da Emenda nº 40 ao PL 1.466/2025, voltada à valorização dos Analistas em TI e manteve grupos de comunicação e apoio para os nomeados, promovendo integração e troca de informações entre profissionais de diferentes regiões do país.

Para Charlene Santos, Analista em TI no órgão X, a ANATI teve papel essencial desde o período de curso de formação. “Conheci a ANATI por meio de um grupo de WhatsApp criado para integrar os candidatos. Esse espaço foi fundamental para aproximar as pessoas, formamos grupos de caronas, trocamos informações sobre prazos e até nos ajudamos com a mudança para Brasília”, relembra.

A servidora conta que o acolhimento fez diferença em um momento de transição profissional. Ela relata que vinha de anos na iniciativa privada, onde já se sentia desmotivada, e que prestar o CPNU representou uma tentativa de recomeço. “Tomar posse foi uma virada de página”, afirma. Ter a ANATI por perto, auxiliando na troca de informações e reforçando a importância da carreira, segundo ela, trouxe segurança e senso de pertencimento.

O analista Marlon Oliveira, que atua no órgão Y, compartilha percepção semelhante. Ele lembra que a associação esteve presente desde antes do curso de formação, organizando informações, intermediando diálogos com a ENAP e acompanhando as dificuldades dos alunos. “Essa proximidade mostrou que não estamos sozinhos”, destaca.

Para Marlon, também é evidente o esforço da entidade em fortalecer a imagem da carreira. “A ANATI busca espaço na imprensa, diálogo com o Congresso e participação em mesas de negociação. Isso dá voz à categoria e ajuda a mostrar à sociedade o quanto a TI é essencial para o funcionamento do Estado”, completa.

Além do acolhimento, a ANATI tem atuado no acompanhamento de dados e diagnósticos da carreira. Em notas recentes, alertou para a alta taxa de evasão no CPNU, cerca de 72% de desistências nas primeiras etapas e para o risco de perda de talentos diante da defasagem salarial em relação ao setor privado.

“Os desafios ainda são grandes”, avalia Luiz Almeida, integrante da diretoria da associação. “A defasagem salarial, os custos de relocação e a falta de políticas consistentes de valorização ainda dificultam a atração e retenção de profissionais qualificados. Mas seguimos atuando de forma técnica e articulada para mudar esse cenário.”

 

Carreira estratégica para o Estado digital

Com atuação transversal em ministérios e órgãos do Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação (SISP), os Analistas em TI planejam, desenvolvem e mantêm sistemas que garantem a oferta de serviços públicos digitais a milhões de cidadãos.

Cada avanço em plataformas como gov.br, eSocial, SouGov.br e Carteira de Vacinação Digital reflete o trabalho desses servidores, fundamentais para o funcionamento e a modernização do Estado.

A aposta do governo em recompor a carreira e o protagonismo da ANATI nesse processo formam um movimento convergente: ampliar a capacidade técnica do Estado e fortalecer o valor público da tecnologia.