A edição mais recente do Painel Econômico Fieg, apresentada pela jornalista Sandra Persijn e pelo economista André Galhardo, analisou o comportamento da inflação no país e as perspectivas da política monetária. Segundo o IBGE, o IPCA - índice oficial de preços - subiu 0,48% em setembro, após deflação de 0,11% em agosto, e acumulou 5,17% em 12 meses, ligeiramente acima dos 5,13% do mês anterior. Apesar da alta, o resultado ficou abaixo das expectativas do mercado, que projetava 0,52%.


Em Goiânia, a variação mensal foi de 0,75%, a terceira mais elevada entre as 16 regiões pesquisadas, enquanto o acumulado em 12 meses ficou em 4,51%, abaixo da média nacional. Já o INPC, que mede a inflação para famílias de menor renda, registrou avanço de 0,52%, influenciado pelo aumento nas tarifas de energia elétrica.

Durante o programa, Galhardo destacou que os números indicam um processo consistente de desaceleração dos preços, reforçado por indicadores qualitativos do IPCA, como o índice de difusão, que caiu para 52,3% - o menor nível do ano.

“Os dados mostram que a inflação está menos espalhada entre os produtos e serviços consumidos pelas famílias. É um sinal claro de que estamos no meio de um processo de desinflação no Brasil”, explicou o economista.

O especialista também ressaltou que os núcleos de inflação, que desconsideram itens voláteis, apresentaram média de 0,19% - o menor patamar para meses de setembro desde 2020. Para ele, o conjunto de indicadores sugere que a inflação, com sorte, deve encerrar 2025 dentro do limite superior da meta, de 4,5%.

“Embora os preços continuem subindo, o ritmo é mais moderado. Há espaço para que o Brasil cumpra a meta de inflação já neste ano, ainda que a possibilidade seja remota”, afirmou.

Sobre o comportamento dos preços no atacado, Galhardo avaliou que a recente recomposição dos índices como IGP-M e IGP-DI não deve pressionar o consumidor. “Os preços industriais continuam em deflação, o que reforça a expectativa de estabilidade e até redução dos custos ao longo dos próximos meses”, observou.

Ao comentar a posição do Banco Central, que tem mantido a taxa Selic em 15% ao ano, o economista ponderou que há condições para iniciar um ciclo de cortes ainda em dezembro. “A economia já dá sinais de desaceleração. Existe espaço para ajustar a política monetária e reduzir gradualmente os juros”, disse. Entretanto, ele alerta que “muito provavelmente, um eventual corte de juros na Selic virá apenas a partir de 2026.”

O Painel Econômico Fieg é uma iniciativa da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) e da Análise Econômica, e pode ser ouvido no canal da Fieg no Spotify. O próximo episódio vai ao ar no dia 31 de outubro, com análise dos dados do mercado de trabalho e das contas públicas de setembro.