O assessor técnico do Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra) da Fieg, Leandro Gondim, representou a entidade no Workshop Gás Natural nos Estados: Articulação para Desenvolvimento do Setor, promovido terça-feira (28/10) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O encontro, realizado em formato on-line, reuniu especialistas, representantes do governo e da iniciativa privada para discutir caminhos que permitam maior integração e competitividade no mercado de gás natural no Brasil.


O debate reforçou a importância de alinhar políticas públicas e regulações entre União e estados, reduzindo entraves que dificultam investimentos e encarecem o preço do insumo para os consumidores industriais. Segundo Gondim, a discussão é determinante para o fortalecimento da indústria nacional.

“O gás natural tem papel cada vez mais relevante para a competitividade do setor produtivo. Em Goiás, ainda enfrentamos desafios de infraestrutura e regulação. Avançar nesse diálogo significa abrir portas para novos investimentos e ganhos de produtividade”, afirmou o assessor técnico da Fieg.


Durante o evento, foram apresentados dados do Relivre – Ranking do Mercado Livre de Gás Natural, que mede o grau de abertura e maturidade regulatória dos estados. Alagoas, Sergipe, Espírito Santo e Rio de Janeiro aparecem entre os mais avançados, enquanto o Centro-Oeste e o Norte ainda carecem de marcos regulatórios consolidados. Goiás, por exemplo, ainda não figura no ranking, o que evidencia a necessidade de fortalecer a atuação da GOIASGÁS e alinhar sua legislação às diretrizes nacionais.

De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Brasil produziu em 2024 cerca de 153 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, com reservas provadas de 546 bilhões de metros cúbicos. Esse avanço, impulsionado pela exploração do pré-sal, reforça o potencial de expansão do combustível no mercado interno, desde que os gargalos regionais sejam superados.

No caso de Goiás, a ausência de gasodutos de suprimento ainda limita o acesso ao insumo e eleva os custos logísticos. “A presença de gás natural competitivo em Goiás poderia impulsionar setores como o químico, cerâmico, alimentício e de fertilizantes, fortalecendo as cadeias produtivas locais”, destacou Leandro Gondim.

Ele acrescenta que a Fieg e o Coinfra têm trabalhado para aproximar o Estado das discussões nacionais, defendendo medidas que atraiam investimentos em infraestrutura e garantam previsibilidade regulatória.

Entre as soluções debatidas no workshop estão a criação de modelos contratuais mais flexíveis, a utilização de clientes-âncora para viabilizar economicamente novos gasodutos, o incentivo ao biometano e a necessidade de transparência nas projeções de oferta e demanda.

Para Gondim, a articulação entre governos e entidades industriais é um caminho para que o gás natural se torne um vetor de desenvolvimento regional. “Mais do que um combustível de transição, o gás natural representa uma oportunidade real de desenvolvimento industrial sustentável, capaz de equilibrar eficiência, custo e impacto ambiental”, sustentou.

O workshop encerrou-se com a recomendação de um plano de ação conjunto, entre CNI, Ministério de Minas e Energia (MME), ANP, Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e governos estaduais, voltado à expansão da malha de gás natural e à promoção de um ambiente regulatório favorável ao crescimento industrial em todo o País.