A Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do
Estado de Goiás (Ahpaceg) emitiu um alerta urgente à sociedade e ao poder
público: uma possível guerra comercial entre Brasil e Estados Unidos pode
comprometer gravemente o funcionamento do sistema de saúde brasileiro, com
impacto imediato estimado em R$ 4,25 bilhões para os setores público e privado.
O motivo da preocupação é a possível imposição de tarifa de
50% sobre os US$ 1,7 bilhão em produtos médicos importados anualmente dos EUA,
que hoje são essenciais para o funcionamento de hospitais públicos e privados
em todo o país.
A explicação é simples. Dados da Secex/Comex apontam que os
Estados Unidos são responsáveis por uma grande parcela desses insumos, que
incluem desde medicamentos oncológicos de ponta, como o Keytruda (Merck), até
equipamentos de imagem avançados (GE Healthcare), contrastes para exames,
próteses ortopédicas e insumos de laboratório (Medtronic, entre outros).
A Ahpaceg adverte que não se trata de uma questão meramente
comercial, mas de uma ameaça direta à continuidade dos tratamentos médicos e à
saúde pública brasileira.
“A quase totalidade dos equipamentos de imagem, insumos
farmacêuticos de ponta, órteses, próteses e materiais especiais utilizados em
nossos hospitais é importada, com grande concentração de fornecedores
americanos. A substituição desses fornecedores pode levar de 3 a 5 anos, o que
deixa o sistema altamente vulnerável”, alerta Renato Daher (foto), presidente da Ahpaceg.
Entre os riscos diretos do tarifaço para a saúde, segundo a
Ahpaceg, estão: desabastecimento imediato de insumos como imunoglobulina e
contrastes para exames; aumento médio de até 15% nos custos operacionais dos
hospitais (dados: Mercer); pressão sobre o orçamento do SUS e repasses aos
planos de saúde; paralisação de serviços essenciais em hospitais de alta
complexidade e risco de encarecimento e limitação no acesso a tratamentos para
milhares de pacientes.
A Ahpaceg também destaca que mais de 50% dos dispositivos médicos usados no SUS vêm dos EUA, o que amplia ainda mais a gravidade da situação.
“Estamos em alerta máximo, também porque as compras do
setor de saúde são dolarizadas e uma possível desvalorização do real vai
impactar esse mercado. O tarifaço anunciado pelos EUA é uma ameaça real à
estabilidade do sistema de saúde de Goiás e do Brasil. É urgente que o governo
federal atue com firmeza para proteger os pacientes e a sustentabilidade das
instituições de saúde”, reforça Renato Daher.
Em reuniões realizadas nos dias 23 e 24 com o governador de
Goiás, Ronaldo Caiado, e seu secretariado, a Ahpaceg apresentou propostas para
enfrentar a crise iminente. Entre elas, estão a inclusão do setor hospitalar
privado nas linhas de crédito com juros reduzidos (10% ao ano) já anunciadas
pelo governo e medidas emergenciais para garantir o abastecimento de itens
críticos.
Sobre
a Ahpaceg
Com sede em Goiânia (GO), a Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do
Estado de Goiás (Ahpaceg) foi criada em 2003 e representa as principais
instituições hospitalares privadas goianas. Trabalhando com foco na excelência,
atua na defesa da qualidade e segurança dos serviços de saúde, promovendo
políticas públicas eficazes e sustentáveis para o setor privado.
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