Faleceu no Espírito Santo, aos 101 anos, Maria Frechiani Zanello — carinhosamente conhecida como “Maria do Clube da Amizade” — figura marcante do cenário político, social e empreendedor do Espírito Santo e do Distrito Federal. Nascida em 17 de junho de 1923, em Barracão de Petrópolis (ES), Maria construiu uma trajetória de pioneirismo, coragem e dedicação ao próximo

Foto: Antonio Ribeiro.

Há mais de quarenta anos vivendo em Guarapari, foi lá que idealizou e fundou o Clube da Amizade, um espaço de acolhimento, solidariedade e integração da terceira idade. O clube, criado em seu próprio apartamento, surgiu do desejo de amenizar a solidão de quem, como ela, não havia nascido na cidade. Com o apoio de amigas e o espírito inquieto de quem sempre promoveu o bem coletivo, deu início a um projeto que marcou gerações e resultou em ações como festas, cursos, bingos, cafés da manhã para garis, festas da polenta e, principalmente, o Recanto dos Idosos, seu legado mais duradouro.

Casada com o ex-deputado Oswaldo Zanello, Maria viveu uma história de amor digna de filme. Candidata a deputada estadual, abriu mão da própria campanha para apoiar o então pretendente, com quem se casaria durante a campanha eleitoral. Ao lado dele, enfrentou os primeiros anos difíceis em Brasília, recém-inaugurada, morando com os filhos pequenos em prédios ainda inacabados. Enquanto Oswaldo atuava como deputado estadual, federal e secretário de Estado, Maria foi o alicerce da família e se tornou uma referência de força e trabalho.

Mãe de dez filhos, adotou uma menina e criou quatro sobrinhos como filhos. Quatro dos filhos tornaram-se médicos e, apesar da maioria viver fora da capital federal, ela sempre manteve laços profundos com Brasília.

Empreendedora nata, Maria fundou o restaurante Panela de Barro, a rotisseria Carnes Temperadas, comprou a tradicional Confeitaria Francesa de Madame Mimi e criou iniciativas marcantes como a Feira dos Estados, com recursos destinados à Casa do Candango, da qual foi cofundadora.

Mesmo após o fim dos mandatos do marido, Maria seguiu ativa em Guarapari. Cuidava com zelo do lar dos idosos, promovia atividades culturais, nadava, passeava de bugue e encantava os netos com suas aventuras.

Em uma bela homenagem, sua nora, a empresária e colunista Renata La Porta, escreveu:
"Kita foi uma das primeiras empreendedoras que Brasília conheceu. Dizia que quem plantasse árvores no caminho teria sombra na volta, e não lhe faltaram sombras e flores com tantos feitos. Aos 101 anos, essa admirável empreendedora nos deixou para encontrar seu adorado marido, segundo ela ‘o homem mais lindo do mundo’. Vai na luz, minha sogra, que no céu vai ficar tudo ótimo com a sua chegada."

Maria Frechiani Zanello deixa um legado de afeto, empreendedorismo, generosidade e liderança feminina. Seu nome continuará vivo entre aqueles que aprenderam com ela o valor da amizade, da solidariedade e da ação transformadora.